Autora: Fernando Sabino
Editora: Record
Quantidade de páginas: 236
Publicação: 1986 (Minha Edição)
Geraldo foi um menino como qualquer outro, tivera suas maluquices e peraltices, porém a história se desenvolve a partir das consequências de uma aposta entre Viramundo e seus amigos de que conseguiria fazer o trem parar em seu município.
Sabe aquele livro que você ganha, mas não dá muita atenção?
Então ele fica rodando pela sua casa sem você nem olhar duas vezes para ele,
até que em um determinado dia você resolve pega-lo para ler e se depara com
uma excelente história que te faz se arrepender de nunca ter dado o devido
valor a obra?
Isso aconteceu com o
livro O Grande Mentecapto do autor Fernando Sabino. Um livro incrível e cheio
de críticas sociais disfarçadas de piadas, mas que graças a uma comparação
infeliz foi totalmente negligenciado por mim.
O Grande Mentecapto foi publicado em 1979 e faz parte da
primeira geração do modernismo, o que explica a linguagem utilizada pelo autor. Levou apenas 33 anos para ser finalizando, sendo o segundo romance publicado pelo autor Fernando Sabino, que na época já era consagrado por suas crônicas.
Neste grande livro
temos a história de Geraldo Boaventura, mais conhecido como Geraldo Viramundo,
um sonhador que nasceu na pequena cidade de Rio Acima – Minas Gerais.
Quando criança
Geraldo, seus irmãos e amigos tinham fixação pelo trem que passava pela cidade
todo dia no mesmo horário, mas que nunca parava, até que um dia o pequeno
Geraldo, motivado por um desafio, resolve que fará o trem parar. Em uma série
de acontecimentos um pouco absurdos, o trem acaba parando e assim mudando a vida
do nosso protagonista, tanto para o bem quanto para o mal. Anos se passam e
Geraldo resolve que quer virar padre, o que o faz partir de sua pequena cidade para a primeira viagem de muitas.
Quando tudo parece
que vai bem, surgem novos acontecimentos absurdos que somente Geraldo poderia
ser capaz de protagonizar, resultando na sua expulsão do seminário e da cidade
de Mariana. É então que ele começa a cumprir seu destino de viajante, passando
a ser Viramundo, aquele que viaja pelo mundo de Minas Gerais.
"Todos nós somos um pouco viramundos, ou pelo menos trazemos no íntimo uma irrealizada vocação de peregrinos, mas o que nos faz largar um pouso é a procura de outro pouso."
O autor faz uso de
várias metáforas para tratar da questão social em seu livro, utilizando uma
pitada de Nonsense para colocar seu protagonista em todo o tipo
de situações, seja em um quartel general onde debocha do exército, em uma disputa
política em uma cidade onde as eleições não passam de fachada, em um relato sobre
o sonho de encontrar diamantes e mudar de vida em um estado onde essas pedras
eram tão fartas antigamente e até em um manicômio, denunciando os maus tratos
sofridos pelos pacientes.
Viramundo é o típico
brasileiro que não desiste nunca, que ainda acredita nos seus sonhos, mas que
esta sempre sendo feito de palhaço por seus superiores.
O livro é
maravilhoso, não só por suas denúncias e seu humor, mas pelo carinho com que o
autor descreve o estado de Minas Gerais. Mesmo destacando todos os seus
problemas, ele também apresenta as suas qualidades e a importância de cada
cidade que compõe o mundo de Geraldo.
*E nunca vai existir
um debate político tão bom quando o protagonizado por Geraldo.
Por: Erika Duarte