domingo, 19 de junho de 2016

Vamos falar de: Eu te darei o sol

"Porque todos nós estamos quebrados. Quero dizer, não estamos? Eu estou. O mundo está. Tentamos fazer o nosso melhor e é isso o que acontece, repetidamente."

Eu Te Darei o Sol
Título: Eu te darei o sol
Autora: Jandy Nelson
Editora: Novo Conceito 
Quantidade de páginas: 384
Publicação: 2015


Noah e Jude competem pela afeição dos pais, pela atenção do garoto que acabou de se mudar para o bairro e por uma vaga na melhor escola de arte da Califórnia.

Mal-entendidos, ciúmes e uma perda trágica os separaram definitivamente. Trilhando caminhos distintos e vivendo no mesmo espaço, ambos lutam contra dilemas que não têm coragem de revelar a ninguém.

  Enquanto lia “Eu te darei o sol” duas coisas não saiam da minha cabeça:
1° A historia não era nada do que eu imaginava (e eu amei isso),
2° Tem uma frase que eu acho que pertence a “Jogos Vorazes” que diz assim: São as coisas que mais amamos que nos destroem. E posso resumir esse livro, com essa frase.
 
 O livro conta a historia dos gêmeos Jude e Noah, que apesar de terem personalidades opostas, são inseparáveis, muitas vezes vistos como as duas partes de um todo.
 Até que pequenos acontecimentos como: uma competição de brincadeira que a mãe propõe para testar as habilidades artísticas deles e a chegada do novo vizinho, que ambos querem impressionar, começa a abalar a relação dos irmãos. Até que uma grande tragédia muda a vida da família.
 A historia é contada pelos gêmeos em épocas diferentes. Noah conta a história com 13 anos e Jude com 16, e entre essa lacuna no tempo, muitas coisas aconteceram e eles não são as mesmas pessoas, e o motivo dessa mudança vai sendo revelado aos poucos durante a história.

 "Talvez estejamos acumulando novas personalidades o tempo todo. – Carregando-as ao fazermos nossas escolhas, boas e más, enquanto erramos, organizamos, perdemos a cabeça, encontramos nossa cabeça, desabamos, nos apaixonamos, sofremos, crescemos, nos retiramos do mundo, mergulhamos no mundo, ao criarmos coisas e destruirmos coisas."
 
  Noah conta sua historia com 13 anos, época em que ele é um Amorzinho, tímido, introspectivo e sua vida se resume em seus esforços para impressionar a mãe com seus quadros, evitar o pai, ser o melhor amigo de sua irmã e sonhar em entrar para a escola de artes. O vizinho novo Brian aparece trazendo sentimentos até então reprimidos à tona, e virando o mundo de Noah de ponta cabeça. De repente ele se vê mentindo, indo a festas e entrando em uma competição nada saudável com sua irmã, que acaba se mostrando só o inicio da ruína do relacionamento deles. O Noah de 16 anos descrito por Jude, não se parece nada com o Noah de 13 anos (Amorzinho)... Ele já não pinta mais, vive em festas, tem um grande circulo de amizades, se tornou atleta e por isso criou um bom relacionamento com o pai, mas, principalmente, guarda muitos segredos... Segredos que o impedem de ter um bom relacionamento com a irmã, segredos que o faz ter momentos de isolamento e logo depois cometer atitudes insensatas, segredos que ao que tudo indica, tem relação com a tragédia sofrida pela família.
 O que falar de Noah? Ele foi meu personagem preferido na história, e seu relacionamento com o Brian foi tão fofo, e tão problemático, que me fez torcer para que os capítulos de Jude terminassem logo, para poder saber qual seria o próximo passo deles.  Senti muita falta de um final sob o ponto de vista dele.

 "Fico pensando naquela frase do Picasso: 'Toda criança é um artista. O problema é como continuar sendo um artista quando se cresce'. "   

 Jude conta sua historia com 16 anos, sendo uma aluna fracassada na escola de artes, ela esta prestes a perder sua bolsa de estudos, ate que um novo professor é sugerido como tutor, e ao conhecer esse homem atormentado pelo passado, Jude sente que essa é sua chance de recomeçar e usar suas aulas para fazer a escultura que mudará tudo, onde ela poderá extravasar seus segredos e tormentos. Essa Jude de 16 anos é só a sombra da menina narrada por Noah. Antes ela chamava a atenção por suas roupas e aparência, hoje ela se esconde dentro de camadas de agasalhos... Antes ela tinha sempre uma nova conquista, hoje foge de qualquer tipo de intimidade. A garota alegre, popular, um pouco rebelde e cercada de amigos, deu lugar a uma garota supersticiosa, que tem o fantasma da avó como única amiga, e usa o livro de superstições deixado de herança como guia para a vida. Seu relacionamento com o irmão é inexistente, o surf e as festas foram abandonados, mas, principalmente, ela guarda um enorme segredo que poderia destruir qualquer esperança de resgatar a amizade com seu gêmeo.
 Foram poucos os momentos em que realmente gostei da Jude, mas, sua relação com Guillermo, seu tutor, e com Oscar seu par romântico, renderam ótimos momentos da história. Seu apego a sua avó foi algo bonito e engraçado de se ler.

 "Rapidamente faço um pedido Arrisque-se (uma, duas, três, quatro vezes) Reconstrua o mundo."

 A autora Jandy Nelson, construiu um historia familiar comovente, onde mostra que segredos que de início parecem ser inofensivos, podem virar uma bola de neve e destruir toda à família. Amei todos os personagens secundários e sofri pelo pai dos gêmeos, o único da família que não guardava nenhum segredo.
 O jeito como as histórias se entrelaçavam é admirável, às vezes um personagem que parecia sem importância na historia do Noah ganha notoriedade na historia de Jude e vice versa. E isso demonstra a habilidade dessa escritora.
 Termino esse livro pensando em honestidade e como ela é fundamental em qualquer relacionamento.

 "Talvez algumas pessoas simplesmente tenham sido feitas para estar na mesma história."



Por: Erika Duarte 

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