quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Vamos falar de: O Grande Mentecapto

O Grande Mentecapto
Título: O Grande Mentecapto
Autora: Fernando Sabino
Editora: Record
Quantidade de páginas: 236
Publicação: 1986  (Minha Edição)

Geraldo foi um menino como qualquer outro, tivera suas maluquices e peraltices, porém a história se desenvolve a partir das consequências de uma aposta entre Viramundo e seus amigos de que conseguiria fazer o trem parar em seu município.



 Sabe aquele livro que você ganha, mas não dá muita atenção? Então ele fica rodando pela sua casa sem você nem olhar duas vezes para ele, até que em um determinado dia você resolve pega-lo para ler e se depara com uma excelente história que te faz se arrepender de nunca ter dado o devido valor a obra?
 Isso aconteceu com o livro O Grande Mentecapto do autor Fernando Sabino. Um livro incrível e cheio de críticas sociais disfarçadas de piadas, mas que graças a uma comparação infeliz foi totalmente negligenciado por mim.

 O Grande Mentecapto foi publicado em 1979 e faz parte da primeira geração do modernismo, o que explica a linguagem utilizada pelo autor. Levou apenas 33 anos para ser finalizando, sendo o segundo romance publicado pelo autor Fernando Sabino, que na época já era consagrado por suas crônicas.

 Neste grande livro temos a história de Geraldo Boaventura, mais conhecido como Geraldo Viramundo, um sonhador que nasceu na pequena cidade de Rio Acima – Minas Gerais.
  Quando criança Geraldo, seus irmãos e amigos tinham fixação pelo trem que passava pela cidade todo dia no mesmo horário, mas que nunca parava, até que um dia o pequeno Geraldo, motivado por um desafio, resolve que fará o trem parar. Em uma série de acontecimentos um pouco absurdos, o trem acaba parando e assim mudando a vida do nosso protagonista, tanto para o bem quanto para o mal. Anos se passam e Geraldo resolve que quer virar padre, o que o faz partir de sua pequena cidade para a primeira viagem de muitas.
   Quando tudo parece que vai bem, surgem novos acontecimentos absurdos que somente Geraldo poderia ser capaz de protagonizar, resultando na sua expulsão do seminário e da cidade de Mariana. É então que ele começa a cumprir seu destino de viajante, passando a ser Viramundo, aquele que viaja pelo mundo de Minas Gerais.

"Todos nós somos um pouco viramundos, ou pelo menos trazemos no íntimo uma irrealizada vocação de peregrinos, mas o que nos faz largar um pouso é a procura de outro pouso."

 O autor faz uso de várias metáforas para tratar da questão social em seu livro, utilizando uma pitada de Nonsense para colocar seu protagonista em todo o tipo de situações, seja em um quartel general onde debocha do exército, em uma disputa política em uma cidade onde as eleições não passam de fachada, em um relato sobre o sonho de encontrar diamantes e mudar de vida em um estado onde essas pedras eram tão fartas antigamente e até em um manicômio, denunciando os maus tratos sofridos pelos pacientes.
 Viramundo é o típico brasileiro que não desiste nunca, que ainda acredita nos seus sonhos, mas que esta sempre sendo feito de palhaço por seus superiores.

 O livro é maravilhoso, não só por suas denúncias e seu humor, mas pelo carinho com que o autor descreve o estado de Minas Gerais. Mesmo destacando todos os seus problemas, ele também apresenta as suas qualidades e a importância de cada cidade que compõe o mundo de Geraldo.

 *E nunca vai existir um debate político tão bom quando o protagonizado por Geraldo. 

Por: Erika Duarte 

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