terça-feira, 25 de abril de 2017

Vamos falar sobre: Formas de voltar para casa

"Sabia pouco, mas pelo menos sabia isto: que ninguém fala pelos outros. Que, mesmo que queiramos contar histórias alheias, terminamos sempre contando nossa própria história."

Formas de Voltar para CasaTítulo: Formas de voltar para casa
Autora: Alejandro Zambra
Editora: Cosacnaify
Quantidade de páginas: 157
Publicação: 2014

Formas de voltar para casa narra as memórias – ouvidas e vivenciadas – de um homem cuja infância se passou durante a ditadura de Augusto Pinochet, no Chile. A narrativa se desdobra em dois momentos: o passado – começo dos anos 80 –, que o protagonista tenta recuperar para, então, finalizar um livro que ele está escrevendo no presente. Na busca por entender acontecimentos nebulosos, ele percorre um melancólico e dolorido caminho de volta na tentativa de escrever a própria história



"Ler é cobrir a cara. E escrever é mostrá-la."

 Uma das inúmeras vantagens que um blog literário trás para nossas vidas, tanto para o leitor quando para o escritor, é a oportunidade de descobrir uma grande variedade de livros que às vezes passam despercebidos pelas pessoas. Quando faço as pesquisas para escrever o “Livros pelo Mundo” essa oportunidade dobra, e foi por meio dessas minhas pesquisas sobre livros chilenos que conheci o Alejandro Zambra e seu maravilhoso livro “Formas de voltar para casa”.

"... chegou o tempo em que não importam os filmes nem os romances e sim o momento em que os vimos, os lemos: onde estávamos, o que fazíamos, quem éramos então."

 O livro de Zambra é curto (contém somente 157 paginas), mas cada uma delas é carregada de história e sentimento.
 A narrativa é dividida em passado e presente, se passando entre o período do governo de Pinochet, um dos ditadores mais violentos que a América latina já conheceu.

"Só o que posso te dizer é que vivemos num momento em que não é bom falar sobre essas coisas. Mas algum dia poderemos falar disso e de tudo. "

O nome do narrador não é relevante para história e poucos personagens ganham nome nessa narrativa, porém isso passa quase despercebido pelo leitor e não atrapalha em nada o seu desenvolvimento.

 No primeiro capítulo, somos apresentados a um garoto de 9 anos que vive uma vida tranquila com sua família mesmo em época de ditadura. Pouco é o contato que essa criança tem com a violência e o medo que assombrava o país na época, já que seus pais optaram por não se envolverem.
 Até que ele conhece Claudia, a sobrinha do vizinho, que pede ao protagonista que siga todos os passos de seu tio e a informe.  A partir daí tudo que envolve essa família se torna um mistério para ele e um grande buraco a ser preenchido em sua vida adulta.


Na segunda parte, temos nosso protagonista já adulto e tentando invocar suas memórias de infância e da misteriosa Claudia para escrever seu livro. E é por causa dessa busca que temos um panorama da vida no Chile durante e depois da ditadura e a forma como esse período afetou a todos, mesmo aqueles que não se envolveram diretamente. 

O livro possui uma escrita muito delicada e significativa. O autor conseguiu escrever assuntos sérios de uma forma leve, que não cansa.
 O fato de ele não nomear todos os personagens perde a importância quando o autor nos apresenta diversas formas para voltar para casa, redescobrir seu passado e se conectar com o seu “eu” e com aqueles que fizeram parte de sua trajetória.
 

"Quando crescesse eu ia ser uma lembrança."

Por: Erika Duarte.

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